segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os desafios e emoções da Reportagem

            Caco Barcellos ganhou destaque como jornalista nos anos de 1970. Antes de trabalhar na Rede Globo, foi repórter de diversos jornais brasileiros, e das revistas Istoé e Veja.  Ele possui mais de 20 anos de atuação incluindo os programas Globo Repórter, Fantástico, Jornal Nacional, e por fim o Profissão Repórter.
            Em meio a tantas experiências, Caco diz que passou por muitos momentos emocionantes e marcantes para conseguir uma reportagem. Nas gravações para o Profissão Repórter, uma matéria o impressionou. A equipe foi a um hospital no Rio de Janeiro cercado por 16 favelas para registrar o atendimento médico, e se deparou com imagens inesperadas.
“Nunca imaginei o grau de degradação do ambiente. A polícia interrogando gente ferida no leito, durante o atendimento médico. Era uma loucura! Do outro lado, traficantes circulando pelos corredores do hospital e o diretor sabendo disso, e convivendo com essa situação achando que esta é necessária”
A presença da polícia e traficante faz com que a convivência seja pacifica, pois o tráfico está ali para vigiar os médicos, para que eles atendam corretamente a comunidade. Naquele mesmo dia, Caco se lembra da repórter do programa, Julia Bandeira, impressionada com ruídos que não sabiam de onde vinham.
“O ruído era de uma mãe chorando ao constatar que o filho tinha sido fuzilado pela polícia. Ele era um menino do exército brasileiro ou aeronáutica, não me lembro ao certo, que tinha sido acusado de ser traficante. Não se tinha certeza, mas ele já estava ali morto”
Caco se emociona ao falar de outro garoto baleado que não queria ser atendido pelos médicos.
“Um menino com balas no corpo brigava com os médicos que queriam tratar dele, ´não toque em mim!´ ele gritava. Os seguranças dominaram ele quase o amarrando em uma camisa de força. Quando ele me viu com a câmera me olhou e disse, ´Tio, ninguém pode dar injeção em mim, porque minha mãe foi morta nesse hospital assim´, ele tinha trauma de ser atendido ali.”
         


           
O “Profissão Repórter” foi exibido pela primeira vez no dia 07 de maio de 2006 como um quadro do “Fantástico” da Rede Globo de Televisão. O programa tinha duração de cerca de dez minutos.
De 2006 a março de 2008 foram exibidos no Fantástico 48 quadros do Profissão Repórter. Ainda durante esse período, a Globo transmitiu aleatoriamente cinco programas especiais, com duração de aproximadamente 35 minutos.
O formato atual foi ao ar a partir de 02 de junho de 2008 o Programa passou a ter dia e horário fixos na programação da Rede Globo e atualmente permanece na grade. A exibição acontece todas as terças-feiras, em torno das 23h30, sempre antes do Jornal da Globo e tem duração de pouco mais de 30 minutos.
A idéia original do formato do programa Profissão Repórter é do jornalista Caco Barcellos, que possui trabalhos anteriores no campo do jornalismo investigativo e publicou livros de repercussão como “Abusado, o Dono do Morro Dona Marta”, “Rota 66” e “Nicarágua: a Revolução das Crianças”.



           

3 comentários:

  1. Muito bem escrito o post, uma delícia de ler e, Caco Barcellos evita comentários.

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  2. Caco Barcellos é o cara! E cáa parabens pela matéria, muito bem escrita.
    Lendo sobre a situação do hospital a gente pára e pensa, olha o mundo que estamos vivendo, o que mais será que acontece por aíi. Muito complicado.

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  3. É, realmente o Caco Barcelloa dispensa comentários mesmo! É um dos melhores exemplos de jornalista!!

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